Segundo Alencar da Silveira Jr., não houve qualquer conduta do atleta que possa ser interpretada como discriminatória
Árbitro Alisson Furtado faz gesto de protocolo antirracista — Foto: Reprodução/Disney+
O presidente do América-MG, Alencar da Silveira Jr., se pronunciou em defesa do meia Miguel Ángel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito, após o jogador ser acusado de injúria racial durante uma partida contra o Operário-PR. De acordo com o dirigente, não existem indícios de atitude, gesto ou fala do atleta que sustentem a acusação.
— O América FC, fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista. Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade — afirmou Alencar.
O posicionamento foi feito pelo presidente do Conselho de Administração do clube, embora ainda não tenha sido oficialmente divulgado nos canais do América-MG. Em nota anterior, a equipe havia informado que aguardaria os desdobramentos do caso para se manifestar.
Miguelito permanece detido em Ponta Grossa, no Paraná, onde o caso ocorreu. Ele foi acusado de ofender o atacante Allano, do Operário-PR, durante o primeiro tempo do jogo. A súmula da partida registrou o relato da suposta injúria racial:
— Relato que aos 30min do primeiro tempo, o atleta número 29 da equipe mandante, sr. Allano Brendon de Souza Lima, veio até minha direção, alegando ter sido chamado de "preto cagão" pelo atleta Miguel Angel Terceros Acuña, número 07 da equipe visitante. Informo que nenhum integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente — escreveu o árbitro no documento.
Acompanhando o jogador no Paraná estão o CEO do América-MG, Dower Araújo, e o supervisor de futebol, Daniel Negrão. A delegação do clube já deixou a cidade e retornou para Belo Horizonte.
Do lado do Operário-PR, o clube reforçou seu apoio ao atleta Allano e lamentou que a partida tenha sido retomada mesmo após o protocolo antirracismo ser acionado.
— O Operário Ferroviário irá prestar todo apoio ao jogador Allano e lamenta a continuidade da partida sem modificações, uma vez que o protocolo foi acionado, e está buscando imagens claras que confirmem a alegação.
A Polícia Civil do Paraná, que recebeu o caso, informou que os envolvidos foram encaminhados à delegacia após a partida. A prisão em flagrante de Miguelito foi decretada com base na Lei nº 7.716/89, que trata de crimes resultantes de discriminação racial. As autoridades também tentam obter imagens da transmissão para verificar se há registro da suposta fala.
O inquérito deve ser concluído nos próximos dias. A pena prevista em caso de condenação pode chegar a cinco anos de reclusão.
Como o caso aconteceu
A confusão teve início aos 30 minutos do primeiro tempo. Após uma disputa de bola, os jogadores aguardavam uma cobrança de lateral quando Miguelito teria se voltado em direção a Allano, que reagiu imediatamente, acompanhado por Jacy, também do Operário. Os três seguiram em direção ao árbitro para relatar o episódio.
Após a denúncia, Allano recebeu cartão amarelo por uma falta mais dura em Miguelito. O meia do América-MG foi substituído no intervalo. O árbitro Alisson Sidnei Furtado aplicou o protocolo antirracista, cruzando os braços à frente do peito em forma de “X”.
A partida ficou paralisada por cerca de 15 minutos para avaliação dos fatos. Durante esse tempo, uma nova confusão foi registrada entre torcedores do Operário-PR e jogadores do América-MG próximos ao banco de reservas. Um torcedor foi retirado após arremessar um copo em direção aos atletas do time visitante.
Veja a íntegra do pronunciamento de Alencar da Silveira Jr.:
O América FC, fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista.
Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade.
O América FC reafirma, de forma enfática, seu compromisso inegociável com a igualdade, o respeito à dignidade humana e o combate a toda e qualquer forma de preconceito. Repudiamos qualquer tentativa de imputar condutas incompatíveis com esses valores a nossos atletas e colaboradores — ainda mais quando desprovidas de qualquer respaldo nos fatos.
Seguiremos firmes na defesa dos princípios que norteiam nossa instituição e na preservação da honra de todos que constroem, com dedicação e respeito, um futebol mais justo, inclusivo e humano.
Fonte: Jogo de Hoje 360